Uma água com açúcar de um momento - como outros - que na simples reflexão torna-se Extraordinário para quem vive.
Sei Horas da Tarde-Noite
Os últimos raios de sol ainda conseguiam deixar as ramagens de trigo mais douradas do que nunca. Como breves sussurros, feito segredo de criança, o vento dançava em brisa com os trigais. A calmaria era tamanha e oportuna, não fosse o vôo dos pássaros em recolhida fazenda alvorada sobre o campo em verde e pastel que agora parecia sorrir sem motivos, como um majestoso rei observando vasto reino e mergulhado em pensamentos esvoaçantes.
Um campo, um Vento, Um pensamento.
Seis Horas da Noite.
Ele – sentado, centrado, acalanto, lindo - olhava o mar de trigo com um olhar não tão enigmático quanto sua voz, que custou a sair:
- Oi!
- Oi!
Um Breve minuto de silêncio e infinitos pensamentos em transe.
- Olha lá, mesmo que o vento sopre sempre no mesmo sentido, uma mesma direção, os ramos de trigo parecem insatisfeitos e se mexem para todos os lados. Olha, aquele parece contorcer-se.
- É mesmo, será uma espécie de fuga ou indecisão?
- Acho que nenhum dos dois, Penso que eles vão para todos os lados, não por uma falta de decisão, mas por que querem brincar com o vento, dançar com seu sopro, sabe?
- Mas o vento, você acha que ele quer o mesmo?
- Ah, quer sim. Ele sempre está lá, olha só! Ele corre por todo o campo e cada vez que faz uma ramagem balancear ele a conhece mais, a entende mais, e se sente mais seguro para voltar mais tarde a abraçar suas fibras douradas.
- Acho que quero ser trigo!
- Acho que quero ser vento!
Um abraço como sempre, como nunca aconteceu. Os dois corpos se envolveram por inteiro e a mesma fortaleza que segura as raízes de trigo em chão firme, tinha a leveza da brisa fria em dias de chuva fina.
Um abraço feito chocolate suíço; feito bolo de fubá com queijo e café fresco; como serenata inesperada e surpresa boa; como ligações “mata-saudade” e pudim de leite com côco. Um abraço feito Calmaria em Tempestade, feito o sonho e a vontade, juntinhos.
- Quantas Horas?
- Seis.
- É a hora do Ângelo, anjos e arcanjos.
- É, isso mesmo, é a Nossa Hora!
(RAFAEL LORRAN)
É a nossa hora! É a hora da Poesia!
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