E então foi preciso que o homem, em sua grotesca e singela maneira de reconhecer-se em natureza, cuspisse em pedras as primeiras formas de subjetividade. Desde então, somos humanos atentos aos clamores da alma, inapropriados a si mesmos, repletos de TuduQuantuÁ!
Acorda! Ordenou a si mesmo como se fosse possível entender... O poeta quando em devaneio Parece mesmo sono de criança em noites de dezembro Não sabe se acorda pra vida lá fora Ou se continua vagando no leito do tempo!
Faltava pouco para o amanhecer, mas ela conseguia enxergar todas as cores possíveis. Ao debruçar-se sobre a janela, percebeu quão dignas eram suas visões, que talvez fosse preciso registrá-las. Entrou para o quarto atônita procurando qualquer papel e caneta onde pudesse descrever aquilo tudo que vira, tudo que a imagem lhe causara, em meio a tanta desordem o esforço foi em vão. Nenhum pedaço miúdo de papel. Descendo para a sala de estar tentou tatear na escrivaninha o bloco de anotações onde outrora guardara endereços e telefones e não pôde encontrá-lo. Gavetas do armário, vãos do escritório, não havia sequer uma conta a ser paga, nem um lápis com a ponta comida. Impaciente foi até a cozinha buscar guardanapos - que fosse - e tentar pelo menos o velho batom como tinta. Chegando novamente a janela, que triste surpresa... Para desgosto de seus olhos, e sentidos o relógio já: 10:00 am